• Conheça nosso jeito de fazer contabilidade

    Lorem ipsum dolor sit amet, consectetur adipiscing elit. Vestibulum sit amet maximus nisl. Aliquam eu metus elit. Suspendisse euismod efficitur augue sit amet varius. Nam euismod consectetur dolor et pellentesque. Ut scelerisque auctor nisl ac lacinia. Sed dictum tincidunt nunc, et rhoncus elit

    Entenda como fazemos...

Notícia

Juro, o preço da ansiedade

Você já parou para pensar que a "necessidade" de comprar "já" nos faz pagar mais pelos bens?

Fonte: Diário do ComércioTags: juros

 

Fernanda Pressinott - 19/4/2009 - 20h21

 

Divulgação

Por definição, ansiedade é o sentimento de forte desejo por algo, que pode ser alcançado ou não. Na vida econômica, feliz ou infelizmente, quase todos os desejos podem ser antecipados, diminuindo a sensação de angústia. Entretanto, paga-se um preço por isso: os juros. Para viver no presente o que só poderia ser feito no futuro ou comprar alguma coisa que custe meses ou anos de poupança, o indivíduo paga caro por meio do crédito, principalmente na realidade brasileira.

O doutor em economia pela Universidade de Brasília Humberto Veiga argumenta que o brasileiro é muito ansioso e aceita pagar um preço alto pelo desconto da riqueza futura. "As pessoas compram TVs de plasma e celulares caros sem precisar, em diversas prestações, só porque aquilo existe. Claro que não é esse o motivo de a taxa de juros no País ser uma das maiores do mundo, mas se nós não aceitássemos pagar tanto para obter um bem, a taxa teria que cair", afirma.

Em uma simulação simples, o economista calcula que, para cada R$ 1 de empréstimo a um Custo Efetivo Total (CET) de 7% ao ano, em 12 meses, a prestação mensal seria de R$ 0,1259 e o total de juros de quase R$ 0,50. "Se colocasse o dinheiro da prestação em uma aplicação com remuneração de 0,5% ao mês, como a poupança, em oito meses a pessoa teria R$ 1. Quer dizer, para não esperar oito meses, paga-se um custo de metade do que se desejava", afirma Veiga.

Se o empréstimo fosse de

R$ 100, com CET de 5%, a prestação seria de R$ 7,24. Nesse caso, bastariam 13 meses para juntar o dinheiro se, em vez de comprar com financiamento, a pessoa guardasse o valor da prestação na poupança.

"Nesse caso, o 'custo' da ansiedade seria de R$ 0,77377 para cada real emprestado, isto é, para os R$ 100, o custo seria

de R$ 77,37. Para R$ 1 mil,

R$ 773,77 – o equivalente a 77,37% do valor do bem", calcula. "É muito dinheiro dependendo da renda e pode significar o desperdício de vários outros bens", avalia.

O alerta sobre o juro não significa que o indivíduo não deva comprar nada a prazo. Se tem um eletrodoméstico quebrado, por exemplo, e não tem o dinheiro no momento, vale a pena pagar parcelado. Por outro lado, se não for urgente, é mais interessante juntar o dinheiro. Também não se refere a crédito imobiliário, que tem taxas menores e exige disciplina de anos de aplicação. "O juro é muito pesado quando se fala de cheque especial, rotativo do cartão de crédito ou crédito direto ao consumidor em lojas."

Falta disciplina

Outra questão a se pensar ao ver essas taxas é o argumento de que o brasileiro não consegue guardar dinheiro. Parece uma verdade. As famílias adquirem vários boletos e pagam todos eles mensalmente, mas não guardam 1% do que ganham. "Fazemos parte de uma sociedade paternalista e não temos disciplina. As pessoas só fazem quando são obrigadas, não atrasam os pagamentos por uma vida toda, mas se não tem carnê não juntam o dinheiro", afirma o professor e consultor da Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras (Fipecafi) Luiz Jurandir Simões.

Segundo ele, essa realidade é resultado dos longos anos de convivência do brasileiro com a inflação alta. Como a cada dia os bens custavam um valor era importante comprar tudo imediatamente. Essa noção virou cultural e, agora, mesmo sem inflação elevada, o mecanismo psicológico continua ativo. "Essa cultura de 'deixe a vida me levar' torna o brasileiro um povo sem poupança e com o futuro em risco. Enaltecemos o irresponsável e por isso nossos aposentados não conseguem sobreviver, não guardaram nada", afirma o consultor.

Para Simões, isso não significa que as pessoas devam deixar de viver o presente e apenas pensar no futuro. Basta ter noção de quanto se paga pela própria ansiedade. "Em 20 horas dá para saber tudo de finanças pessoais, o resto é psicologia pura. Com perseverança e disciplina é possível aplicar recursos e ter o que deseja com valores mais justos."